Wednesday, September 13, 2017

Ainda Julio Cortazar

EL BREVE AMOR                                                                   
Julio Cortazar

Con qué tersa dulzura
me levanta del lecho en que soñaba
profundas plantaciones perfumadas,
me pasea los dedos por la piel y me dibuja
en le espacio, en vilo, hasta que el beso
se posa curvo y recurrente
para que a fuego lento empiece
la danza cadenciosa de la hoguera
tejiédose en ráfagas, en hélices,
ir y venir de un huracán de humo-
(¿Por qué, después,
lo que queda de mí
es sólo un anegarse entre las cenizas
sin un adiós, sin nada más que el gesto
de liberar las manos ?)

UM BREVE AMOR

Com que terna doçura
me levanto do leito em que sonhava
com profundas plantações perfumadas
me passeando pelos dedos pela pele e me desenha
no espaço, nos limites, até o beijo
pousar em curvas e recorrente
para que o fogo lento inicie
a dança cadenciada da fogueira
tecendo em rajadas, em hélices,
indo e vindo de um furacão de fumaça -
(Por que, depois,
o que sobra de mim
é apenas um afogamento nas cinzas
sem um adeus, sem nada além do gesto
de libertar as mãos?)

Ilustração: Toques de Carinho – blogger. 



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