Tuesday, July 18, 2017

E, de novo, José Luis Vega

MUJER CON LLUVIA                            
José Luis Vega

Todo es lluvia y de pronto
una mujer avanza entre la lluvia.

Sortea cada bache
con breve pie de pájaro aterido.
Peinados contra el frío los cabellos.
La falda entre sus muslos
amparándose.

Avanza contra un fondo
lluvioso de paredes.
El fuego del relámpago,
el trueno la apresuran.

Camina ajena al signo interrogante
que orla su traje al viento,
ajena a los misterios que salpica
su paso por la lluvia.

¿Qué la trae, qué la lleva, de qué rayo
procede su energía?
¿Su nombre,
en qué aguacero?
¿Su rostro,
en qué llovizna?
¿Qué amada voz, qué urgencia,
hacia qué oído
los golpes de sus tacos se deslizan?

Amparada en la flor de la sombrilla
cruza:
es lo único vivo
en la muerte interina de la lluvia.

MULHER NA CHUVA
  
Tudo é chuva
uma mulher avança em meio à chuva.

Contorna cada obstáculo
com um suave pé de pássaro.
Cabelos penteados contra o frio.
Saia entre as coxas
protegendo-se.

Avanços contra um fundo
de pingos nas paredes.
O fogo do relâmpago,
o estrondo do trovão.

Caminha alheia ao ponto de interrogação
que orna seu traje de vento,
alheia aos mistérios
que salpicam seus passos pela chuva.

O que a traz, o que a leva, de que raio
provém sua energia?
Seu nome,
em que aguaceiro?
Seu rosto,
em que garoa?
Que amada voz, que urgência,
a qual orelha
os golpes de seus sapatos deslizam?

Coberta de um guarda-chuva de flores
atravessa:
é a única vida
na morte interina da chuva.


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