Friday, November 18, 2016

Uma poesia de Victoria Guerrero Peirano


Victoria Guerrero Peirano

Vivimos em una época de rivalidades ridículas
Nadie nos dijo qué debíamos hacer después de la guerra
Pero entre los poetas se cuecen habas
Nadie sabe bien por qué
(pero se sospecha)
se mueven entre el cortejo y el asesinato
Y asistimos a sus funerales sin pedirlo

Estos días dan ganas de no ser de este siglo
No asistir a su muerte mediática
Sino ir y escupir sobre su tumba
como antiguamente
Darles duro con el puño cerrado
Y quemar sus versos como flores marchitas

Poetas del Tercer Mundo: pobres poetas
A veces se estremecen ante un verso inusitado
Y dan ganas de abrazarlos
Pero los poetas del Tercer Mundo somos así:
Regurgitamos nuestros poemas o los retenemos como papel muerto
Entre las encías rojizas
Y tenemos miedo al llegar a casa
De recordar lo dicho
De releer lo escrito

Pobres poetas
Yo no les pido nada
Algún día sus versos dejarán de existir
Como ellos


Vivemos em uma era de rivalidades ridículas
Ninguém nos disse o que devíamos fazer depois da guerra
Porém, entre os poetas se cozinham feijões
Ninguém sabe bem por que
(Porém, se suspeita)
Se movem entre a sedução e o assassinato
E assistimos ao seu funeral sem pedir-lhes

Estes dias dão a impressão de não serem deste século
Não assistir sua morte mediática
Sim ir e cuspir sobre seu túmulo
como antigamente
Dar-lhes duro com o punho fechado
E queimar seus versos como flores murchas

Poetas do Terceiro Mundo
Às vezes, se estremecem diante de um verso inusitado
E possuem desejo de abraçá-los
Porém, poetas do Terceiro Mundo somos assim:
Regurgitamos nossos poemas ou os retemos como papel morto
Entre as gengivas vermelhas
E temos medo, ao chegar em casa,
De lembrar o que foi dito
De reler o que foi escrito

Pobres poetas
Eu não lhes peço nada
Algum dia seus versos deixarão de existir
Como eles


Ilustração: casamericalatina.pt

1 comment:

Lia Noronha said...

Mui belo...abrazos.