Wednesday, September 16, 2015

Três poemas de Flor Codagnone

Flor Codagnone                                                                           
No vas a entender nunca mis lugares,
ni que los apropie y los quiera y los extrañe.
No sabés de mis calles ni de mis cortadas
ni de lo que sigue girando
en la calesita de la infancia.
No vas a entender esta tristeza
que es mía y que duele un cuerpo
recortado grave vacío conectado cosido.
Ni mis usos del lenguaje, ni mis deseos,
ni las pocas cosas de mí en las que creo.
Hay santas herejías de las que adolezco.


Não vais nunca entender meus lugares,
nem dos que se apropria e os queria e os estranha.
Não sabe das minhas ruas ou das minhas feridas
nem do que segue girando
no carrossel da infância.
Não vais entender esta tristeza
que é minha, e que dói no corpo
costurado grave vazio conectado cozido.
Nem o meu uso da linguagem, nem os meus desejos,
nem as poucas coisas de mim nas quais creio.
Há heresias santas das quais padeço. 

Las palabras van a morir
a la angustia
y no hay signo
que escape a ese paso.
Estamos condenados
a la música del adiós.

As palavras vão morrer
com a angústia
e não há sinal
que escape a esse passo.
Estamos condenados
à música do adeus.

La sangre circula sola
y la pregunta es “¿qué?”,
la respuesta no importa
ni lo que hayas escrito,
dónde están tus papeles
a qué huele mi carne.
Acabaremos heridos
de cualquier modo, el vino
no me gusta. Por la noche
hay palabras que sobran.

O sangue circula somente
e a pergunta é "o que?"
a resposta não importa
nem o que tenhas escrito,
Onde estão teus papéis
que cheiram à minha carne.
Acabaremos feridos
de qualquer forma, o vinho
não me agrada. Pela noite

há palavras que sobram.

Ilustração: www.ensaiosababelados.com.br

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