Tuesday, September 02, 2014

Ainda uma vez Gioconda Belli


RECORRIÉNDOTE 

Gioconda Belli

Quiero morder tu carne,
salada y fuerte,
empezar por tus brazos hermosos
como ramas de ceibo,
seguir por ese pecho con el que sueñan mis sueños
ese pecho-cueva donde se esconde mi cabeza
hurgando la ternura,
ese pecho que suena a tambores y vida continuada.
Quedarme allí un rato largo
enredando mis manos
en ese bosquecito de arbustos que te crece
suave y negro bajo mi piel desnuda
seguir después hacia tu ombligo
hacia ese centro donde te empieza el cosquilleo,
irte besando, mordiendo,
hasta llegar allí
a ese lugarcito
-apretado y secreto-
que se alegra ante mi presencia
que se adelanta a recibirme
y viene a mí
en toda su dureza de macho enardecido.
Bajar luego a tus piernas
firmes como tus convicciones guerrilleras,
esas piernas donde tu estatura se asienta
con las que vienes a mí
con las que me sostienes,
las que enredas en la noche entre las mías
blandas y femeninas.
Besar tus pies, amor,
que tanto tienen aun que recorrer sin mí
y volver a escalarte
hasta apretar tu boca con la mía,
hasta llenarme toda de tu saliva y tu aliento
hasta que entres en mí
con la fuerza de la marea
y me invadas con tu ir y venir
de mar furioso
y quedemos los dos tendidos y sudados.
en la arena de las sábanas.

Percorrendo-te

Quero morder tua carne,
salgada e forte,
começar por teus braços formosos
como ramos de paineira,
continuar por este peito com que sonham os meus sonhos
este peito cova onde se esconde minha cabeça
vasculhando ternura,
este peito que soa a tambores e vida continuada.
Ficando ali por um longo tempo
enredando as minhas mãos
neste bosquezinho de arbustos que te cresce
suave e preto sob minha pele nua
seguir até o teu umbigo
em direção ao centro, onde começo a te fazer cócegas ,
ir te beijando, te mordendo,
para chegar ali,
naquele lugarzinho
-apertado e secreto -
que se alegra ante a minha presença
que se adianta para me receber
e vêm a mim
com toda a sua dureza de macho ensandecido.
Baixar logo nas suas pernas
firmes como tuas convicções guerrilheiras
essas pernas, onde a tua altura se assenta
com as que vens a mim
com as quais me  sustentas,
as que enredada à noite, entre as minhas
macias e femininas.
Beijar teus pés, amor,
que tanto ainda tem que percorrer sem mim
e voltar a escalar-te
até apertar tua boca contra a minha,
para preencher-me toda de tua saliva e de tua respiração
até que entres em mim
com a força de uma maré
e me invadas com o teu ir e vir
de mar furioso
e fiquemos os dois estendidos e suados
nos lençóis de areia.

Ilustração: lovetjm.wordpress.com

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