Monday, August 18, 2014

Noemí Trujillo

Me pregunto                                                         


Noemí Trujillo

Cómo será Valparaíso.
Yo nunca lo iré a ver.
Yo me quedo en casa
y friego los platos.
Yo barro, limpio
y plancho.
Mi vida es
un pequeño fracaso
a sola.
Me siento
desterrada
y llevo a cuestas
los restos
de mi naufragio.
Mis oídos aúllan sediciosos
como animales en celo.
No hago vudú:
escribo versos.
La poesía es tan traidora
como un amante insomne,
como la riqueza para el pobre.
¡No puedo más!
Se siguen apretando
las tuercas de mi vida.
Quiero caricias recién nacidas.

(Lejos de Valparaíso, Sial ediciones, Madrid 2009)

Me pergunto

Como será Valparaíso.
Eu nunca a irei ver.
Eu fico em casa
e faço os pratos.
Eu varro, limpo
e passo ferro.
Minha vida é
um pequeno fracasso
a sós.
Me sinto
desterrada
e levo nas costas
os restos       
do meu naufrágio.
Meus ouvidos uivam sediciosos
como animais em cio.
Não faço vodu:
Escrevo versos.
A poesia é tão traidora
como um amante insone,
como a riqueza para o pobre.
Não posso mais!
Se seguem apertando
as porcas da minha vida.
Quero carícias recém-nascidas.

Ilustração: http://jlgarciaherrera.lacoctelera.net/post/2009/12/16/lejos-valpara-so-noemi-trujillo


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