Tuesday, February 26, 2013

Luis Antonio de Villena




MA  BOHEME

Luis Antonio de Villena

También yo quise tener  a Rimbaud entre mis brazos.
Caricia y turbulencia, verso y lunas, tenaz contra la vida...
Por ello aún, probablemente, recorro los tugurios y baretos de noche
donde se pasa costo y se venden carnales mercancías.

Las gentes de bien me hicieron tanto daño, Arthur,
que a pesar de mi aire aparente, hermanito, somos uno:
Lo que tantos sinvergüenzas llaman mal –sin mirarse–
suele ser lenitivo, barrio, piel de la juventud y margen siempre.

Metido en los tugurios noche anoche, haciendo mostrador
y golferío, busco la salvaje pureza de Rimbaud en mis  brazos,
su lujuria nunca etiquetada, su rabia, sus fulgores insólitos.

Pero la noche ama a sus hijos, y son dulces los búhos
desterrados: Hablar de muerte es hablar de otra vida.
La soledad es mi Rimbaud. Y el cuerpo grato que cobra su caricia...
 
Minha boêmia

Também eu quis ter a Rimbaud entre meus braços.
Carícia e turbulência, verso e luas, tenaz contra a vida ...
Por ele ainda, provavelmente, recorro aos tugúrios e barzinhos da noite
onde se passa a custo e se vende as carnais mercadorias.

As pessoas de bem me fizeram tanto dano, Arthur,
que, apesar de meu ar aparente, irmãozinho, somos um:
O que tantos semvergonhas chamam mal- sem se olhar-
sói ser lenitivo, bairro, pele da juventude e margem sempre.

Metido nos tugúrios noite a noite, fazendo mesa
e malandragem busco a selvagem pureza de Rimbaud em meus braços,
sua luxúria nunca etiquetada , a ira, seus brilhos insólitos.   

Porém, a noite ama seus filhos, e são doces as corujas
desterradas: falar de morte é falar de outra vida.
A solidão é minha Rimbaud. E o corpo grato que cobra sua carícia  ...

No comments: